quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Crónica de Francisco José Viegas

"Há cerca de vinte anos eu dava aulas numa universidade. Um dia lembrei-me de falar de 'A Cidade e as Serras' – em trinta alunos, só dois tinham lido. Como era uma turma de 4º ano e de formação de professores, achei que deviam ler o livro. Choque e pavor. Percebi depois quando uma aluna me explicou que tinha aulas de psico-pedagogia, pedagogia, didáctica, história da educação, administração escolar, legislação escolar – e até uma para lhes ensinar a usar projector de slides ou retroprojector. Não tinham tempo para ler. Ou seja: sabiam como ensinar e manusear toda aquela geringonça – mas não tinham nada para ensinar. Para pôr lá dentro. Vinte anos depois, vai por aí uma grande festança com o 'Magalhães'. Números de circo e tal. Mas duvido que saibam o que pôr lá dentro. Pobres professores."
Esta crónica de Francisco José Viegas faz-me pensar em várias realidades ou "circos" da nossa escola. Primeiro, nós sabemos o "que por dentro", mas não temos tempo para o fazer. A burocracia é tanta...nem vale a pena dizer mais nada! Os alunos também não têm interesse em ter trabalho e o "Magalhães" vem pronto a usar, é só engolir, nem é preciso mastigar. Depois, com "Magalhães", avaliações, reuniões, planificações...e outras coisas terminadas em ões, tem que haver tempo para tudo, menos para pensar em aulas. Isso fica para os intervalos entre as reuniões e os "papelões".

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